- Ei, cuidado, pô! – vociferou o executivo de terno e gravata. Há poucos segundos atrás, quando movia a xícara de cappuccino até seus lábios após pedir a conta para Mastrangelo, este esbarrara na mesa em que se encontrava e provocara o acidente. O imenso e negro bigode em forma de V invertido do homem de terno e gravata tornara-se marrom por causa do café esparramado entre seus pêlos. Sua face ficou vermelha de raiva. Seus olhos faiscavam a ira em direção ao atendente.
- Desculpe-me, senhor. - Mastrangelo abaixou a cabeça, submisso. Logo em seguida, em vez de olhar diretamente para o cliente e tratar de limpar o estrago provocado pelo café derramado que respingou na roupa do homem, Mastrangelo avistou o relógio acima do balcão. Faltavam cinco minutos para as vinte e duas horas. Mesmo estando numa cafeteria-livraria de uma cidade interiorana dos Estados Unidos, nem se fosse num carro de fórmula 1 chegaria a tempo para o compromisso com Matilda, sua namorada, na estação de trem.
Mastrangelo fora encarregado de fechar a cafeteria-livraria naquela noite. Ele, portanto, trabalhava sozinho naquele horário. Quando o executivo, o qual era o último cliente, pagasse a conta e saísse, Mastrangelo ainda teria de colocar os livros espalhados pelas mesas em ordem nas prateleiras. O turno tinha sido bastante movimentado. Alguns estudantes juntaram várias mesas e fizeram uma pesquisa de horas no estabelecimento. E deixaram os exemplares para Mastrangelo organizá-los nas estantes.
Aqui é um espaço para eu viver minha Sombra (na acepção de Jung) de uma forma criativa.
E isso será feito por meio da escrita de contos policiais e de suspense.
E isso será feito por meio da escrita de contos policiais e de suspense.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
O inquilino
O interfone tocou. Fui pego de surpresa. Estava tão concentrado em meus pensamentos... tão entretido na minuciosa tarefa a qual me dedicava...
- Quem é? - perguntei.
- Sedex.
Meu prédio não tem elevador. Então, desci as escadas. "Será que minha encomenda chegara?" Como moro no segundo andar, não demorei muito para alcançar a portaria.
Ao me ver, o carteiro começou a escrever. Quando cheguei perto, ali no portão do prédio, vi que ele preenchia um espaço com detalhes da entrega. Vários endereços se destacavam no local onde ele escrevia. Ali estava o nome da minha rua e os números do meu prédio e do meu apartamento.
Na verdade, não posso dizer que seja meu. É alugado. Há quase dois anos estou aqui. Em breve, o contrato de aluguel vencerá. Um dia terei o meu. Mas creio que não será este. Não... depois do que aconteceu, não será não...
- Identidade, por favor? - foi a pergunta que ouvi do moço todo uniformizado com aquela roupa de cor amarelo e azul. E lhe informei os dados de meu RG.
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- Quem é? - perguntei.
- Sedex.
Meu prédio não tem elevador. Então, desci as escadas. "Será que minha encomenda chegara?" Como moro no segundo andar, não demorei muito para alcançar a portaria.
Ao me ver, o carteiro começou a escrever. Quando cheguei perto, ali no portão do prédio, vi que ele preenchia um espaço com detalhes da entrega. Vários endereços se destacavam no local onde ele escrevia. Ali estava o nome da minha rua e os números do meu prédio e do meu apartamento.
Na verdade, não posso dizer que seja meu. É alugado. Há quase dois anos estou aqui. Em breve, o contrato de aluguel vencerá. Um dia terei o meu. Mas creio que não será este. Não... depois do que aconteceu, não será não...
- Identidade, por favor? - foi a pergunta que ouvi do moço todo uniformizado com aquela roupa de cor amarelo e azul. E lhe informei os dados de meu RG.
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