Quando eu era pequeno, sempre que uma visita chegava, costumava me esconder no banheiro de casa. Mesmo sendo um tio, eu logo corria pra lá. Ficava torcendo para ninguém querer usá-lo, pois era o único que tinha em nossa residência.
Lá dentro, eu encostava o ouvido na porta para tentar escutar o que se conversava na sala. O máximo que conseguia distinguir eram sons parecidos com cochichos. E isso me angustiava. Será que algum deles estaria perguntando aos meus pais:
- Onde é o banheiro?
Eu era capaz de ouvir claramente os passos das pessoas, especialmente ao se aproximarem de onde eu estava. Eu cerrava os olhos com força e meus lábios tremiam freneticamente, como ao rezar uma ladainha. Torcia para não virem até mim...
Suspirava de alívio quando percebia os passos mudarem de direção e tomar o rumo de outro cômodo, tal como da cozinha ou do quarto de meus irmãos. Era uma sensação libertadora. Eu abria os olhos novamente, retomava a respiração e meus lábios voltavam ao normal. Normal? Não, quase. A secura de minha boca deixava-os ásperos.
Não sei o quê meus pais achavam dessa minha atitude. Talvez me considerassem tímido, excessivamente tímido. Lembro-me, inclusive, de entrar apressadamente ao banheiro e logo trancar a porta assim que ouvia o interfone tocar. Muitas vezes, era um pedinte, ou o carteiro solicitando que algum morador fosse até a portaria assinar um documento ou simplesmente alguém que tocara no apartamento errado. Eu não queria nem saber. Não pretendia passar pelo incômodo de me ver cara a cara com um visitante. Ali dentro, não ouvindo os sons similares ao cochicho, destrancava a porta e abria uma fresta - o suficiente para um olho e para receber a chegada de sons mais nítidos vindos da sala. Diante da ausência de sinais de que uma visita estaria ali, eu abria o restante da porta e podia retomar minha vida. Isto é, voltar para o meu quarto.
Não por acaso eu era considerado antissocial no colégio. Porque ficava enfurnado no meu canto. Na verdade, eu adorava os cantos. Na sala de aula, minha carteira era lá no fundão, na esquina oposta à da porta. Eu fazia questão de colar meu assento no cantinho, não deixando um mínimo espaço entre minha cadeira e o assoalho. Algum visitante poderia colocar o pé ali e, sorrateiramente, conquistar espaço ao arrastar minha carteira. Eu não dava brechas.
No recreio, também ficava no canto lá no pátio, sentado no banco de cimento. Enquanto ninguém se aproximava, eu observava meus colegas brincarem. Ali era meu cantinho predileto. Porque raramente recebia visitas... Todos estavam muito entretidos com o lanche, as brincadeiras e as conversas. Afinal, havia pouco tempo de descontração antes do sinal tocar e retornarmos para a sala de aula.
Era desse modo que eu notava algo bastante interessante. O garoto mais marrento e brigão assim agia para não demonstrar o quanto era bastante medroso. A garota mais bonita era justamente aquela que tinha mais insegurança. A mais gostosa e provocante era a que mais queria ser amada e, por ser feia, usava seu corpo como instrumento de atenção.
Meus devaneios perceptivos, infelizmente, eram interrompidos quando eu percebia a aproximação de algum visitante. Eu logo abaixava a cabeça. E, claro, meus lábios davam um jeito de mexerem sem eu querer. Mesmo amassando com força um lábio no outro, de modo a disfarçar a tremedeira, a pele ao redor de minha boca se contraía e se distendia constantemente. E irregularmente... Os espasmos faciais eram horríveis.
Um colega meu, o Luís Henrique, certo dia me falou que o movimento involuntário de meus lábios era a forma que eles encontravam de dizer o que eu não dizia com as palavras. Eu simpatizava com o Luís Henrique. Era um garoto que não se aproximava frontalmente de mim. Ele me disse isso na biblioteca. Ele, como eu, gostava de pegar livros. Tinha o hábito da leitura.
Essa fala dele ocorreu numa sexta-feira, quando eu retirava da estante um exemplar de Crime e Castigo, do Dostoiévski, para ler no final de semana. Este escapuliu de minhas mãos e caiu no chão. Quem pegou foi o Luís Henrique. E quando ele foi me devolver, percebeu que meus lábios começaram a tremer. Aí virou rapidamente o rosto para o outro lado, enquanto estendia o livro até mim. E, emanando o som de suas palavras para o sentido contrário ao que eu estava, me disse:
- O movimento involuntário de seus lábios é a forma que eles encontram de dizer o que você não diz com as palavras. - Após a entrega do livro, seu braço estendido se recolheu e se juntou ao restante do corpo que já estava indo embora.
O que diria o Luis Henrique se soubesse como venho me comunicando há alguns anos? Talvez ele nem estivesse no mesmo corredor da biblioteca que eu. Estaria a léguas de distância... Na verdade, será que ele sabia o porquê dessa minha reação já naquela época?
Muitos achavam, a maioria, que eu era falso, por não conseguir olhar nos olhos deles quando se aproximavam. Outros, a minoria, supunham que era porque eu deveria ser um musicista, ter uma memória auditiva e preferir ouvir a ver. Nenhum deles acertara... Era algo muito pior... pra mim, se tratava de uma verdadeira maldição.
O meu silêncio e o meu olhar para baixo indicavam, na verdade, o quanto eu enxergava e não queria sob hipótese alguma que as pessoas vissem em meus olhos o que eu enxergava a respeito delas. E, pior, sobre o futuro de suas vidas...
Não sei por que, mas creio que deve ter sido culpa da maldita enfermeira que acompanhou meu parto. Foi a primeira imagem que meu cérebro registrou e guardou num cantinho todo especial do palácio de minha memoria: o rosto da negra toda vestida de branco.
Logo ao nascer, no exato instante em que minha cabeça saiu da vagina de minha mãe, eu a vi. E o pior, sorrindo. Hoje, pela imagem que ainda reverbera na minha retina, percebo que era um sorriso estranho. Transmitia uma sensação intrigante. Demonstrava saber algo, algum segredo sobre mim ou a respeito de meu destino.
Não sei como isso aconteceu. Mesmo se tivesse aberto os olhos, fisiologicamente eu não teria condições de ver nada. Muito menos tão nitidamente. Mas que eu a vi, eu vi. E ela estava sorrindo.
Fico me perguntando onde estava o médico na sala de parto para deixar o trabalho a cargo da enfermeira: da negra toda vestida de branco.
Será por isso que minha mãe nunca conversou comigo sobre esse meu estranho comportamento? Porque a negra lhe segredou algo a meu respeito? Ela não deve ter dito a meu pai. Afinal, ele caminhava pesado. Na verdade, não parecia andar, mas amassar o chão a cada passo em direção ao banheiro quando eu me refugiava ali. E batia violentamente suas mãos na porta, como se fossem martelos, para eu abrir e ir cumprimentar a visita que se encontrava na sala.
Não gostava de ser tratado daquele jeito por meu pai. Preferia o silêncio eloquente de minha mãe. Ela, mesmo nas noites de Natal, quando meu pai esbravejava comigo por ainda não estar pronto para sairmos, ficava passivamente observando tudo. Não falava um "a" comigo. E nem com meu pai. Ela deixava que nós dois nos entendêssemos sem sua intervenção.
Isso tudo porque, desde novinho, eu não gostava de ir às festas da família. Preferia ficar enfurnado no meu quarto, lendo um livro. Travávamos uma verdadeira batalha. Eu querendo ficar. Meu pai desejando me levar. Às vezes eu ganhava. Às vezes, perdia. Porque eu não queria olhar na cara de nenhum primo, prima, tio, tia ou outro parente - e ver que o que eles chamavam de alegria, na verdade, era apenas euforia, uma falsa alegria, uma forçada aparência de descontração.
Porém, nas noites de Natal, meu pai não arredava pé. Era intransigente. Eu deveria ir. E eu cedia rapidamente. Ia. E, claro, chegando lá, eu tratava de arrumar um canto para eu ficar. Enquanto ninguém vinha me importunar, eu poderia cultivar o hábito que tanto amava: o de observar o comportamento das pessoas.
Eu sabia qual primo queria mostrar seu pintinho para qual prima numa brincadeira de médico. Sabia qual deles estava mentindo para os outros, dizendo que tinha tal e tal brinquedo, só para botar banca e se sentir superior. Percebia qual tia-avó armazenava docinhos na bolsa para se entupir de açúcar quando retornasse para sua casa e, assim, protegida por sua privacidade, não ouvisse comentários intrometidos e desagradáveis de que precisava fazer regime por conta de sua diabetes.
Claro que, na época, em minha infância e adolescência, eu não elaborava minhas percepções do modo como as escrevo agora. Mas fui crescendo com esse comportamento excessivamente tímido, antissocial e com a imagem da negra toda vestida de branco vindo à tona praticamente todo santo dia.
Foi apenas na faculdade que eu compreendi tudo. Eu posso dizer que foi ali que minha vida mudou. Não, se transformou. Mas fico na dúvida se compartilho aqui, no blog do Yub, o que ocorreu comigo. Tenho medo de você, leitor, me julgar.
Ah! Azar! Vou fazer o que estou com vontade. Vou relatar o que aconteceu naquela noite. Na noite em que tudo mudou.
Era uma sexta-feira. A calourada dos cursos de Filosofia, Letras e História bombava no campus. Calouros e veteranos bem vestidos desfilavam elegância naquela noite de inverno.
Claro, eu me encontrava num canto do pátio, mais próximo do palco, onde bandas universitárias se apresentavam. Escolhera um lugar todo especial para observar não apenas os integrantes de cada grupo musical, mas também as garotas que tentavam seduzir algum deles.
Naquela noite em especial, eu decidira que estudaria o comportamento da fêmea que busca o macho que manuseia o falo representado pelo microfone. Olhava atentamente o cantor e sua expressão corporal. Como ele usava sua energia para cativar a plateia e, mais especificamente, as tietes das primeiras filas.
E um detalhe todo especial fez meus olhos brilharem. Foi quando o cantor apontou o microfone para o público. E pediu para a galera cantar. Ele, com esse gesto, passava, por breves instantes, o poder do microfone para a plateia. Obviamente, ele logo trazia o falo musical para si novamente. Apenas dava o gostinho do gozo às pessoas e logo tratava de mostrar quem ocupava o centro do palco: ele - e não eles.
Essa cena me marcou tanto, mais tanto, que senti meu coração palpitar fortemente. Creio, inclusive, que esbocei um sorriso, um tímido sorriso naquele exato instante. Porque foi naquele momento que eu desejei do fundo da minha alma ter uma forma poderosa de comunicação. Justo eu, um cara monossilábico! Eu simplesmente queria porque queria me comunicar.
Como essa percepção e essa sensação não trouxeram junto uma ideia de como faria isso, continuei no meu canto, observando. Até que tive o impulso de ir a uma das barraquinhas: a que vendia bebidas alcoólicas. Dei três passos e parei. E falei comigo mesmo, em pensamento:
- Eu não quero passar pelo incômodo de ver a pessoa do caixa e o entregador de bebidas debocharem sutilmente ou escancaradamente de mim quando eu pronunciar meu pedido e meus lábios começarem a tremer. Estou farto dessa reação ofensiva das pessoas!
Dei meia volta e fui novamente ocupar o espaço no canto em que me encontrava anteriormente. Após dois passos nessa direção, recuei. Decidi que iria comprar alguma bebida. O ímpeto de beber algo forte foi maior que minha timidez.
Coloquei as mãos no bolso e me encaminhei até a fila. Na minha frente, quatro pessoas. Enquanto aguardava a minha vez de ser atendido, eu lia no quadro negro os vários itens que eram disponibilizados naquela barraca. O giz branco com o qual alguém escreveu essa lista me fez perceber que queria uma caipivodka. Eu me simpatizei com o formato da letra que esse item tinha sido escrito. E também com essa palavra: c-a-i-p-i-v-o-d-k-a.
Quando faltavam duas pessoas serem atendidas, meus lábios já começaram a tremer. Meneei a cabeça, tristemente. Maldita reação involuntária!
Faltava uma. Minha mão começou a suar frio, mesmo naquela noite gélida de inverno. Minha boca secou e meus lábios ressecaram.
Até que chegou a minha vez. Abaixei a cabeça, estendi o dinheiro contado da bebida e falei a palavra que tanto me fascinara.
- Caipivodka.
Saiu de uma forma meio estranha, rouca, pra dentro. Talvez porque tenha sido a primeira palavra que pronunciara na semana. Mas foi o suficiente. A aluna de Letras que estava no caixa entendeu. E me deu a ficha.
Apresentei-a, ainda com a cabeça baixa, ao estudante de História que fazia a troca pela bebida. Ele me entregou o que eu tanto queria. Eis minha caipivodka.
Fui bebericando enquanto voltava para meu local predileto: o canto. Só que, desta vez, como um casal ocupava exatamente onde eu estava anteriormente, tive de ficar ainda mais próximo ao palco. Ali, pude ver que alguns equipamentos musicais, caixas de sons e vários fios se entrelaçavam. Tudo bem próximo a mim. Talvez pertenciam à próxima banda que tocaria.
Mas um instrumento em especial me chamou mais a atenção. Eu vi, reluzente, um microfone. Olhei para os lados e observei se alguém tinha visto o que eu vi. Ou me veria fazer o que faria. Parece que o caminho estava aberto para conseguir o que eu queria.
A cada virada, bebia um gole da minha capivodka. Até que, estrategicamente, decidi coloca-la por breves instantes na beirada do palco. Ajeitei minha calça, olhei novamente ao meu redor e fui pegar meu copo. Porém, trouxe também o microfone reluzente.
Discretamente, coloquei ele no bolso interno de meu casacão. Eu me senti muito excitado com aquele objeto escondido dentro de mim. Parecia que eu carregava o santo graal comigo. Se não me engano, creio que sorri outra vez.
Ali permaneci. Bebericava minha capivodka e observava atentamente a banda que se apresentava. Uma mulher toda vestida de negro, com uma aparência gótica, se apresentava. Ela era a líder da banda. Tinha uma voz potente e rouca.
Eu olhava para ela. Depois para o público. Algumas universitárias em pequenos grupos pareciam extasiadas com a cantora. Elas não se encontravam ali nas bandas anteriores. Percebi que elas tentavam seduzi-la. Só que ela não fez como aquele cantor. Ela não compartilhou o falo do microfone com a plateia. Quis ele só para si.
Passei cerca de meia hora estudando seu comportamento e a reação das tietes ali na frente. Até que o show dessa banda terminou. Enquanto os integrantes da próxima afinavam os instrumentos, organizavam os equipamentos e se preparavam para iniciar o seu espetáculo, vi a cantora de estilo gótico descer pela lateral. Ela carregava uma toalha branca de rosto na mão direita e uma garrafinha de água mineral na esquerda.
Abaixei a cabeça e olhei de rabo de olho. Meu coração começou a palpitar fortemente. Ela parou à minha frente. E me perguntou:
- Gostou da minha apresentação?
Não sei como, mas já esperava meus lábios tremerem e eles não tremeram. Fiquei intrigado com aquilo. Será por que eu segurava o microfone que roubara com uma das mãos, a qual estava dentro do meu casacão?
Eu, também surpreendentemente, ergui minha cabeça e olhei nos olhos dela. Parece que segurar o microfone me deu autoconfiança. Porque respondi:
- Venha comigo e lhe direi.
A voz saiu firme, segura, forte. E estendi minha outra mão para ela segurar e me acompanhar. Ela passou a toalha para a mão que carregava a garrafinha e segurou ambas ali. E me deu a outra mão. Eu perguntei:
- Você não estuda aqui, certo? - ela fez que não com a cabeça. - Então, vamos até lá em cima, onde fica a biblioteca. Teremos uma vista linda da PUC para contemplar. Será lá que eu lhe direi se gostei ou não de sua apresentação.
Dei uma piscadinha pra ela. E ela esboçou um sorrisinho safado.
Não trocamos uma palavra sequer no caminho. Enquanto ela tomava pequenos goles de sua água, eu ainda bebericava o restante de minha caipivodka. Até que, depois de subidos tantos lances de escada, passado pelo jardim que tinha o prédio da reitoria no centro, chegamos ao topo. O estacionamento superior e a biblioteca ocupavam o terreno mais alto da PUC do Coração Eucarístico.
Paramos e ficamos olhando para a bela vista que se apresentava a nós. Um ao lado do outro. Até que, depois de alguns instantes, eu me virei para ela. E ela se virou pra mim. Ficamos de frente um para o outro.
Nesse momento, eu já sabia que meus lábios não tremeriam mais. Porque nesta caminhada até o topo da universidade, percebi claramente qual seria a minha forma de comunicar. Segurei fortemente o microfone que ainda se encontrava no bolso interno de meu casacão. E fui tirando o instrumento para fora.
Quando ela o viu, abriu um sorriso ainda mais largo. E me perguntou:
- Você também gosta de cantar?
- Você não faz ideia do quanto eu amo um canto... - disse, com uma voz melodiosamente sedutora.
- Então, você é um cant... - Não deixei ela terminar a frase. Há anos que vinha deixando os outros falarem. Agora chegara a minha vez de dizer, de dizer algo que surgira das minhas entranhas. Descobrira de que jeito me comunicaria, como nunca antes havia imaginado que seria capaz. Agora eu sentia o poder da comunicação. Agora eu tinha um propósito comunicativo! E encontrara ao acaso o instrumento que viabilizaria a minha voz, a voz da minha alma.
----------
No outro dia, sábado pela manhã, mesmo sem ter dormido nada durante a madrugada, em função do êxtase radiante em que me encontrava, fui correr logo cedo pela Praça da Liberdade, na Savassi. Depois da corrida, passei na livraria Status e comprei na sua banca em frente ao ponto de ônibus, o jornal Estado de Minas. Logo na primeira página, li a manchete:
"CANTORA DA BANDA EXTREME FOI ENCONTRADA MORTA NO CAMPUS DA FACULDADE COM UM MICROFONE ENTALADO NA GARGANTA."
Tive um sentimento de alegria, de júbilo, ao ler aquela notícia. E fui caminhando.
Ao passar pelo ponto, um rosto de uma passageira já sentada me chamou a atenção. Ela estava encostada à janela dentro do ônibus da linha 4111. E sorriu pra mim. Parecia um sorriso sereno, de missão cumprida. Era ela, a negra toda vestida de branco...
Fiquei olhando para aquele rosto tão familiar e tão misterioso. Ali fiquei, reflexivo, contemplativo, até que o ônibus - depois de esperar o último passageiro subir - começou a arrancar. E foi embora.
Com o espaço que o ônibus ocupava agora livre, pude ver do outro lado da rua. Vi o vendedor de uma loja erguendo a porta dobrável de sua loja. Era uma loja de instrumentos musicais. E vi, mesmo com toda essa distância, um microfone reluzente na vitrine. Meu coração voltou a palpitar fortemente.
Afirmei suavemente com a cabeça e me lembrei do sorriso oracular da negra toda vestida de branco. Tudo fez sentido. As sincronicidades me guiavam para cumprir meu destino: me comunicar! Agora eu não apenas descobrira o instrumento que me permitiria dizer o que meus lábios anteriormente não deixavam. Ele também me fez encontrar o meu verdadeiro canto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário